Para explicar a obstinação dos governos em manter as escolas funcionando presencialmente, o professor Vitor Paro recorreu a Karl Marx e até mesmo ao papa do liberalismo, Adam Smith, já que foi ele o primeiro economista a identificar o trabalho como fonte de toda a riqueza.
Em live promovida por Carlos Giannazi (PSOL), Paro, que é coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Administração Escolar (Gepae), da Faculdade de Educação da USP, afirmou que os governos vêm atendendo aos interesses do capital, que não está preocupado em quem vive e em quem morre.
Se a preocupação das escolas privadas é o lucro com as mensalidades, a pressão pela reabertura das escolas públicas tem objetivo de fazer cumprir sua dupla função na lógica capitalista. A primeira, de ser um “depósito de crianças” que libera os pais para o trabalho – e para a morte, se for o caso.
O livre-docente afirma que o ensino a distância (EaD) jamais substituirá o contato presencial. Entretanto, esse entendimento não pode ser usado para justificar a abertura das escolas neste momento. “Não se trata de uma opção. O ensino remoto é ruim, mas é melhor do que a morte.”
Participaram do debate o vereador Celso Giannazi (PSOL) e Luciene Cavalcante, supervisora de ensino na rede municipal de São Paulo.